Homenagem que fizemos à Braguinha, textos de Raphael Vidigal
Dono de um dos mais vastos e ricos repertórios da música brasileira, Braguinha jamais aprendeu a tocar um instrumento musical, compondo suas músicas através de uma das formas mais antigas que existem, e que desde criança se aprende, o assovio. Como se fosse um passarinho, um João de Barro a construir sua casinha, Braguinha se embrenhava por entre os caminhos do carnaval, do samba-canção e da música infantil dando a medida exata ao chão e às paredes melódicas que construía. Tendo estudado arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, Braguinha logo se consagraria pela música, mas não abandonaria nunca a condição de arquiteto da melodia, sutilmente calculada em seus assovios que criavam personagens como a Chiquita Bacana, o Pirata da Perna de Pau, os heróis e vilões das histórias infantis e as traduções tão deliciosamente brasileiras que ele fazia para os desenhos da Disney.
Pirata da perna de pau & Pastorinhas
Braguinha nada tinha de pirata. Era um autêntico marujo do samba, que navegava com tranqüilidade por aquelas águas que ele bem conhecia, que ajudou a criar quando formou ao lado de Almirante, Henrique Brito e Alvinho, o conjunto Flor do Tempo, e depois com o adendo de Noel Rosa, com quem compôs a belíssima “Pastorinhas”, o Bando de Tangarás. Ao contrário do que dizia na marchinha, Braguinha também não tinha cara de mau. Pelo contrário, carregava na face uma expressão sempre alegre, tranqüila e serena. Como se todo dia fosse mais um dia de carnaval e como se toda expressão de vida merecesse uma marchinha.
“Eu sou o pirata da perna de pau
Do olho de vidro, da cara de mau”
“A estrela d’alva no céu desponta
E a lua anda tonta...”
Linda lourinha & Uma andorinha não faz verão
Braguinha era um típico amante da vida. Amante das mulheres, das belezas naturais, das lourinhas, mulatas e chinesas. Era um amante do Brasil, e cultivava seu carinho pela terra como aquele passarinho que lhe deu o apelido cultiva sua casinha.
“Lourinha, lourinha
Dos olhos claros de cristal
Desta vez, em vez da moreninha
Serás a rainha do meu carnaval”
“Vem moreninha, vem tentação
Não andes assim tão sozinha
Que uma andorinha não faz verão”
Copacabana & Yes, nós temos bananas
Antecipando a bossa nova e o clima tropicalista que invadiria o país anos mais tarde, Braguinha exaltava as belezas da praia de Copacabana e estufava o peito para dizer: “Yes, nós temos bananas!”
“Copacabana princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E à tardinha o sol poente
Deixa sempre uma saudade na gente”
Carinhoso
Braguinha era acima de tudo um compositor sensível, atento aos sentimentos e ás mudanças do ser humano, e compôs com o mestre Pixinguinha uma das mais belas e executadas músicas brasileiras de todos os tempos, gravada por nomes como Sílvio Caldas, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Dalva de Oliveira, Maria Bethânia, Radamés Gnattali, Tom Jobim, Baden Powell, Jacob do Bandolim, Hermeto Pascoal e o pioneiro Orlando Silva, a eterna “Carinhoso”.
“Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso
E muito, muito que eu te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim”
Vai com jeito & Anda Luzia / Balancê
Compositor, cineasta, dublador, cantor, Braguinha trazia no apelido singelo e simples a expressão perfeita para sua alma de criança divertida e brincalhona. Mesmo em canções que traziam versos um pouco mais reflexivos, nos quais explorava todo seu talento lírico, ao final Braguinha sempre optava pela alegria!
“No balancê, balance
Quero dançar com você
Entra na roda, morena pra ver
O balancê, balancê”
“Vai, com jeito vai
Senão um dia
A casa cai”
“Apronta a tua fantasia
Alegra teu olhar profundo
A vida dura só um dia, Luzia
E não se leva nada desse mundo”
A saudade mata a gente & Cantores do rádio
No dia 24 de dezembro de 2006, véspera de Natal, Braguinha partiu aos 99 anos, para onde o céu é mais azul. E nos vem à memória “a saudade é dor pungente, morena, a saudade mata a gente, morena”. Mas a saudade que Braguinha deixou virá sempre acompanhada por seu canto festeiro. Cantemos então com Braguinha, o João de Barro, passarinho que voa alto na canção brasileira!
“Canto para te ver mais contente
Pois a ventura dos outros
É a alegria da gente
Canto e sou feliz só assim
E agora peço que cantem
Um pouquinho para mim”
Dono de um dos mais vastos e ricos repertórios da música brasileira, Braguinha jamais aprendeu a tocar um instrumento musical, compondo suas músicas através de uma das formas mais antigas que existem, e que desde criança se aprende, o assovio. Como se fosse um passarinho, um João de Barro a construir sua casinha, Braguinha se embrenhava por entre os caminhos do carnaval, do samba-canção e da música infantil dando a medida exata ao chão e às paredes melódicas que construía. Tendo estudado arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, Braguinha logo se consagraria pela música, mas não abandonaria nunca a condição de arquiteto da melodia, sutilmente calculada em seus assovios que criavam personagens como a Chiquita Bacana, o Pirata da Perna de Pau, os heróis e vilões das histórias infantis e as traduções tão deliciosamente brasileiras que ele fazia para os desenhos da Disney.
Pirata da perna de pau & Pastorinhas
Braguinha nada tinha de pirata. Era um autêntico marujo do samba, que navegava com tranqüilidade por aquelas águas que ele bem conhecia, que ajudou a criar quando formou ao lado de Almirante, Henrique Brito e Alvinho, o conjunto Flor do Tempo, e depois com o adendo de Noel Rosa, com quem compôs a belíssima “Pastorinhas”, o Bando de Tangarás. Ao contrário do que dizia na marchinha, Braguinha também não tinha cara de mau. Pelo contrário, carregava na face uma expressão sempre alegre, tranqüila e serena. Como se todo dia fosse mais um dia de carnaval e como se toda expressão de vida merecesse uma marchinha.
“Eu sou o pirata da perna de pau
Do olho de vidro, da cara de mau”
“A estrela d’alva no céu desponta
E a lua anda tonta...”
Linda lourinha & Uma andorinha não faz verão
Braguinha era um típico amante da vida. Amante das mulheres, das belezas naturais, das lourinhas, mulatas e chinesas. Era um amante do Brasil, e cultivava seu carinho pela terra como aquele passarinho que lhe deu o apelido cultiva sua casinha.
“Lourinha, lourinha
Dos olhos claros de cristal
Desta vez, em vez da moreninha
Serás a rainha do meu carnaval”
“Vem moreninha, vem tentação
Não andes assim tão sozinha
Que uma andorinha não faz verão”
Copacabana & Yes, nós temos bananas
Antecipando a bossa nova e o clima tropicalista que invadiria o país anos mais tarde, Braguinha exaltava as belezas da praia de Copacabana e estufava o peito para dizer: “Yes, nós temos bananas!”
“Copacabana princesinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E à tardinha o sol poente
Deixa sempre uma saudade na gente”
Carinhoso
Braguinha era acima de tudo um compositor sensível, atento aos sentimentos e ás mudanças do ser humano, e compôs com o mestre Pixinguinha uma das mais belas e executadas músicas brasileiras de todos os tempos, gravada por nomes como Sílvio Caldas, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Dalva de Oliveira, Maria Bethânia, Radamés Gnattali, Tom Jobim, Baden Powell, Jacob do Bandolim, Hermeto Pascoal e o pioneiro Orlando Silva, a eterna “Carinhoso”.
“Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso
E muito, muito que eu te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim”
Vai com jeito & Anda Luzia / Balancê
Compositor, cineasta, dublador, cantor, Braguinha trazia no apelido singelo e simples a expressão perfeita para sua alma de criança divertida e brincalhona. Mesmo em canções que traziam versos um pouco mais reflexivos, nos quais explorava todo seu talento lírico, ao final Braguinha sempre optava pela alegria!
“No balancê, balance
Quero dançar com você
Entra na roda, morena pra ver
O balancê, balancê”
“Vai, com jeito vai
Senão um dia
A casa cai”
“Apronta a tua fantasia
Alegra teu olhar profundo
A vida dura só um dia, Luzia
E não se leva nada desse mundo”
A saudade mata a gente & Cantores do rádio
No dia 24 de dezembro de 2006, véspera de Natal, Braguinha partiu aos 99 anos, para onde o céu é mais azul. E nos vem à memória “a saudade é dor pungente, morena, a saudade mata a gente, morena”. Mas a saudade que Braguinha deixou virá sempre acompanhada por seu canto festeiro. Cantemos então com Braguinha, o João de Barro, passarinho que voa alto na canção brasileira!
“Canto para te ver mais contente
Pois a ventura dos outros
É a alegria da gente
Canto e sou feliz só assim
E agora peço que cantem
Um pouquinho para mim”
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