domingo, 16 de janeiro de 2011

A Hora do Coroa

Postado por Acir Antão on domingo, janeiro 16, 2011 with Faça um comentário
Homenagens que fizemos à Lamartine Babo e Jorge Goulart, textos de Raphael Vidigal



Lamartine Babo



Não é preciso tocar um instrumento para ser um grande músico. Que o diga o carioquíssimo Lamartine Babo, de quem, sobre sua relação com a festa mais popular do país, Braguinha disse: "existe o carnaval antes e depois de Lamartine". Em marchinhas, valsas e samba-canções, Lamartine puxa o desfile: "A tua pena não nega Lalá, tu és músico com louvor!"

No Rancho Fundo (samba-canção, 1931) – Ary Barroso e Lamartine Babo

Luiz Peixoto, Noel Rosa e Vinicius de Moraes foram alguns dos que tiveram o privilégio de compor com Ary Barroso. Acostumado a criar letra e música sozinho, ele abria raras exceções para parcerias. Numa dessas, Lamartine Babo resolveu se intrometer a mexer na letra de J. Carlos, sobre música de Ary. “Na Grota Funda” perdeu o título original e recebeu versos mais inspirados: “No Rancho Fundo, bem pra lá do fim do mundo, onde a dor e a saudade, contam coisas da cidade”. A canção gravada por Elisa Coelho, em 1931, passou a se associar indistintamente a lembranças de um lugar tranquilo e sereno que o tempo se encarregou de varrer. Nos anos seguintes foi regravada por Silvio Caldas e Isaura Garcia. Como resultado, Ary Barroso ganhou o desafeto de J. Carlos e presenteou a música brasileira com uma parceria consagrada entre ele e Lamartine.



Jorge Goulart

Jorge Neves Bastos nasceu e mora no Rio de Janeiro. O cantor de voz potente e grave arquitetou sua carreira principalmente na década de 50, ao embalar sucessos carnavalescos e de outros gêneros, como samba, samba-canção e versões para músicas estrangeiras. Companheiro de toda uma vida da também cantora Nora Ney, foi obrigado a parar de cantar em 1984, devido a problemas nas cordas vocais.



Mundo de zinco (samba de carnaval, 1952) – Nássara e Wilson Batista

Crescido em ambiente carnavalesco, Nássara ajudou a organizar em 1932 o primeiro concurso de escolas de samba do Rio de Janeiro. Frequentador do “Ponto de Cém Reis” e do “Café Nice”, locais de encontro da boêmia, em 1952 ele compôs ao lado de Wilson Batista, um samba para Mangueira, escola que contava com sua torcida. Visualisando a história do morro, os versos finais da música são em tom de despedida e deixam clara a intenção dos compositores de exaltarem o que admiram: a glória do samba, o céu de Mangueira, os malandros e as cabrochas. Interpretada por Jorge Goulart, foi premiada como samba mais bonito do carnaval carioca daquele ano. De acordo com o jornal “Última Hora” da época, possuidora de “letra inspirada, bonita e ao mesmo tempo fácil de ser apanhada pelo povo; sua música é melódica, mesmo nas estridências necessárias do apito de trem, harmonizando-se em ritmo essencialmente vivo e vibrátil.”

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