Minha dica musical para hoje é escutar Um homem também chora (Guerreiro Menino) , de Gonzaguinha!
Um homem também chora [Guerreiro Menino] (1983, MPB) - Gonzaguinha
Gonzaguinha sempre foi considerado um artista de temperamento difícil, não gostava de dar autógrafos e raramente compunha com outros parceiros. Tido por muitos como mal humorado e arrogante, era na verdade um sujeito provocador, despojado, como ele próprio definia: “um grande gozador”, um moleque levado e teimoso que gostava de descumprir ordens. No entanto, o comportamento arredio e a desconfiança que lhe marcavam eram atribuídas por muitos aos conflitos que teve com Luiz Gonzaga. As diferenças entre os dois acabariam se tornando lá na frente o elo perfeito para formar uma parceria entre o sambista do morro carioca e o nordestino que inventou o baião, o destino de ambos cruzando o país, Gonzagão e Gonzaguinha. Já bem à vontade para tratar de temas mais sentimentais, Gonzaguinha teve gravada na voz de outro nordestino uma de suas músicas que continham maior ternura. Em 1983, seu compadre Fagner recebeu de Mariozinho Rocha o aviso de que Gonzaguinha havia lhe mandado uma música. O detalhe é que o empresário considerava que ela tinha sido feita “nas coxas” e não valia a pena gravá-la. Fagner insistiu, chorou de emoção ao ouvi-la e a transformou no carro-chefe do seu LP daquele ano. “Um homem também chora” delineava com maciez sensações singelas e muito humanas, habituadas a se esconderem atrás de hipocrisias. Gonzaguinha falava sem deixar passar nenhuma farpa da criança que constrói e existe em cada homem, da faceta mais frágil e carinhosa dos guerreiros meninos. E ele era um deles.
Texto de Raphael Vidigal
Um homem também chora [Guerreiro Menino] (1983, MPB) - Gonzaguinha
Gonzaguinha sempre foi considerado um artista de temperamento difícil, não gostava de dar autógrafos e raramente compunha com outros parceiros. Tido por muitos como mal humorado e arrogante, era na verdade um sujeito provocador, despojado, como ele próprio definia: “um grande gozador”, um moleque levado e teimoso que gostava de descumprir ordens. No entanto, o comportamento arredio e a desconfiança que lhe marcavam eram atribuídas por muitos aos conflitos que teve com Luiz Gonzaga. As diferenças entre os dois acabariam se tornando lá na frente o elo perfeito para formar uma parceria entre o sambista do morro carioca e o nordestino que inventou o baião, o destino de ambos cruzando o país, Gonzagão e Gonzaguinha. Já bem à vontade para tratar de temas mais sentimentais, Gonzaguinha teve gravada na voz de outro nordestino uma de suas músicas que continham maior ternura. Em 1983, seu compadre Fagner recebeu de Mariozinho Rocha o aviso de que Gonzaguinha havia lhe mandado uma música. O detalhe é que o empresário considerava que ela tinha sido feita “nas coxas” e não valia a pena gravá-la. Fagner insistiu, chorou de emoção ao ouvi-la e a transformou no carro-chefe do seu LP daquele ano. “Um homem também chora” delineava com maciez sensações singelas e muito humanas, habituadas a se esconderem atrás de hipocrisias. Gonzaguinha falava sem deixar passar nenhuma farpa da criança que constrói e existe em cada homem, da faceta mais frágil e carinhosa dos guerreiros meninos. E ele era um deles.
Texto de Raphael Vidigal
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