segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Receita

Postado por Acir Antão on segunda-feira, novembro 22, 2010 with Faça um comentário
Receita enviada pelo ouvinte Orfeu Braúna.

Baião de Dois



Pegue esta receita do Baião de Dois lá do Ceará, minha terra de nascimento. Serviu de inspiração para uma música, de mesmo nome, do mestre Gonzagão.
Vou dá uma palhinha:

"Abidon, que moda é essa?/ Deixe a trempe e a colher!/ Homem não vai prá cozinha,/ que é lugar só de mulher./ Vou juntar feijão de corda,/ numa panela de arroz./ Abidon, vá lá prá sala!/ Hoje tem baião de dois".

Aqui, nestas Minas Gerais, terra que me adotou e, particularmente, em BH, que me deu o título de cidadão, a receita muda um pouco e, necessariamente, precisa da ajuda de nosso amigo e irmão, João, Rei da Feijoada do Mercado Central!

INGREDIENTES (que o João arranja):

600 gramas de feijão de corda
500 gramas de Arroz Sepé ("branquinho, soltinho e rende que é uma beleza")
200 gramas de carne de sol
mais ou menos a mesma quantidade de paio, de linguiça e "beicom" defumado
uma cebola (roxa ou branca)
um tomate vermelho e maduro (nem precisa tirar a pele, como você faz
um pimentão verde
salsa e cebolinha a gosto, assim como o sal com alho
Pra quem gosta, 2 maxixes e umas 150 gramas de queijo de coalho
Duas pimentas malaguetas, no máximo. Se não, o bicho pega, como diria o Mestre Afonso
As carnes, como o João sabe, devem ser cortadas em pedaços menores que aqueles da feijoada
O maxixe, cortado em quatro pedaços
O queijo em cubos de 2 x 2 centímetros
Isto dá muito bem para cerca de 10 pessoas

(DES)NECESSÁRIAS OBSERVAÇÕES:

O cuidado e a "temperança" (vale o trocadilho) são marcas dos cozinheiros. Se houver fome bastante e alguma pressa, tudo pode ser feito numa panela de pressão. Coisa de meia hora. Se, porém, o tempo der, faça tudo numa panela comum de "boca larga". Neste caso, é conveniente e salutar ter por perto uma timbuca e umas lourinhas geladas para o cozinheiro.

No caso da panela comum, o gostoso é cozinhar de noite. Na véspera de servir o prato. Primeiro o feijão e os ingredientes (menos o queijo), até ficarem no ponto, com caldo bastante para cozinhar o arroz até secar. Do mesmo jeito que se faz arroz comum. Aí é preciso mexer, para não agarrar no fundo. Finalmente é que se coloca o queijo de coalho, que derrete no calor da própria comida.

É conveniente, pra quem quiser e souber, cozinhar o maxixe - e, querendo, o jiló - numa panela separada. Basta água e um pouco de sal.

Como diria o poeta, "o cheiro resplandece e atiça o apetite dos vizinhos". Irmão, se por perto existir um daqueles que precisam correr atrás dos caminhões da SLU, se você começar a função lá pelas 8 horas, os neguinhos vão chegar lá pela meia-noite com a velha desculpa de pedir "uma chicrinha de açúcar". Aí a vaca vai pro brejo!

MODO DE PREPARO:

Cortar, em pedaços pequenos, o tomate. O pimentão em rodelas mais finas, sem as sementes e as partes brancas; a cebola, em rodelas finas ou pedaços pequenos. Reservar, sem precisão de geladeira.

O feijão de corda, depois de bem lavado, deixar de molho por uns 20 minutos. Escorrer. A carne de sol, também. Por 20 minutos, na primeira água. Mais 20 minutos, na segunda água. Depois deixar escorrer.

O maxixe, basta retirar as pontinhas da casca. Aí ele vai se parecer um jiló, que também, na mesma quantidade, pode ser usado. Reserve.
Ah! Não é preciso colocar de molho as outras carnes. O tempero delas é que, também, darão o "tchan". O maxixe, basta no máximo 2. Retirar as pontinhas da casca, lavar naturalmente, cortar e cozinhar do jeito dito acima (com um sem jiló), servindo-o separadamente e regado com um pouco de bom azeite. Há que não goste dessas coisas misturadas.

Um pouquinho de sal com alho na panela e coloque os temperos pra ferverem. Só depois de uns 20 minutos, adicione as carnes. Mais 20 ou 30 minutos, adicione o feijao de corda. Deixe tudo cozinhar junto, tendo ao lado uma chaleira com água fervendo, para manter o nível da água sempre acima de tudo. Feijão inteiro e quase inteiramente cozido, com as carnes, adicione o arroz (já lavado e seco). Serão cerca de 20 minutos a mais pra ele ficar também no ponto.

É preciso ter cuidado para o arroz não ficar grudento, nem seco demais. Feito o Baião de Dois, sirva-o num pirex grande (o gostoso é na própria panela) e jogue por cima salsinha e cebolinha (o coentro é mais saboroso) picadas e frescas. Se tiver alguém que não goste, deixe as iguarias à mesa pra quem quiser.

Uma pinguinha de aperitivo sempre vai bem!

Já que é comida de nordestino, coloque à mesa uma vasilhinha com farinha branca pra quem quiser. Aposto que não vai sobrar nada. Principalmente se por lá estiver nosso amigo Mestre Afonso!

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